Antes de trabalhar em um Instituto de Pesquisas eu também desconfiava e muito de todo e qualquer resultado que visse pela frente, até porque eu nuca fui entrevistada e não entendia essa coisa de número de entrevistados, mas nada como estar há mais de um ano trabalhando com pesquisas e finalmente entendendo como funcionam. Primeiro e antes de mais nada, a coisa não é feito na doida como algumas pessoas pensam. Acreditem, por trás do processo que envolve muito trabalho, há profissionais competentes, a começar pelo estatístico responsável, que, baseado em dados técnicos e com os dados do último Censo do IBGE, sorteia as cidades que serão pesquisadas, nas diversas regiões, em zonas urbanas e rurais.
Vamos tomar como exemplo Pernambuco, o estado possui cinco grandes regiões, Recife/Região Metropolitana, Zona da Mata Sul, Zona da Mata Norte, Agreste e Sertão, e é dentro dessas regiões com cotas de questionários condizentes com o número de moradores que é planejada a pesquisa. Recife por ser maior e a capital também é dividida por bairros.
E são dois dias de trabalho intenso para os pesquisadores, que chegam mega cedo, recebem treinamento, sim todas as vezes um cientista político faz esse treinamento, mesmo que os pesquisadores estejam cansados de fazer pesquisas e serem treinados, e saem bem cedinho em suas respectivas vans. Aqui ficamos com dois pontos de liberação de pesquisas, Recife e Petrolina, porque como todos sabem há cidades que ficam muito longe.
Outra coisa, as pesquisas que são divulgadas têm de ser registradas no TRE/TSE, então se você quiser ver o número de questionários aplicados, localidades, ler o questionário e coisas assim, é só ir até o site e verificar. E nestas pesquisas também é necessário que se faça o trabalho de checagem, que é um grupo de pessoas ligar para um percentual de entrevistados e confirmar se foram mesmo abordados nas ruas e responderam àquele questionário.
Depois vem o trabalho interno, e quando eu digo trabalho, é trabalho de verdade, muito, atá tarde todos os dias, até o resultado da pesquisa sair. Os dados não podem vazar, todos os pesquisadores assinam um termo de confidencialidade e todo o trabalho é feito de forma séria, podem acreditar.
E vocês podem estar se perguntando onde eu quero chegar falando isso. Explico, primeiro é para esclarecer a quem tem curiosidade sobre o processo, segundo porque eu me chateio quando ouço gracinhas sobre manipulação de dados, acreditem, não são, ao menos não onde eu trabalho. E segundo, essa vida de viver viajando, acordar cedo e dormir tarde, ou seja nada de sono da beleza, está acabando com o pouco de juízo que me resta. Por isso que quero que chegue logo dia 05/10 e também porque vou ter mini-férias que eu também sou filha de Deus. Nunca mais é dia 07 de outubro...